O atual sistema de saúde, incluindo a assistência suplementar, está centrado na abordagem da enfermidade em detrimento da promoção da saúde. À primeira vista, essa afirmação pode parecer paradoxal. Como é possível que o sistema priorize a doença em vez da saúde das pessoas? Entretanto, uma análise estatística revela a coesão dessa declaração, evidenciada, por exemplo, pela prevalência global de doenças crônicas. Conforme dados da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, 1,7 bilhão de indivíduos enfrentam algum tipo de doença crônica, representando 22% da população mundial. Muitas dessas afecções poderiam ser prevenidas, uma vez que resultam de hábitos não saudáveis, como tabagismo, sedentarismo e consumo excessivo de álcool.

Para além dos riscos à saúde, tal prática acarreta custos substanciais para toda a cadeia de assistência médica. Um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde estima que, até 2030, os custos relacionados a doenças crônicas alcancem a cifra de US$ 458 bilhões. Dado o caráter diário do cuidado em saúde, é imperativo investir cada vez mais em programas de promoção à saúde, com a participação de equipes multidisciplinares para orientar os indivíduos na manutenção de sua própria saúde.

A análise dos custos para o sistema revela que uma parcela reduzida de indivíduos é responsável por uma proporção significativa das despesas assistenciais. Conforme levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), apenas 5% das pessoas geraram 66,5% das despesas assistenciais totais, totalizando cerca de R$ 354,9 milhões. Estes beneficiários, em um único ano, realizaram, em média, 80,6 exames ambulatoriais por pessoa, em comparação com a média de 30,9 exames para o restante da população. Além disso, as internações ocorreram a uma taxa de 190 para cada 100 beneficiários, enquanto no grupo restante essa taxa foi de 11,8 para cada 100. A elevação dos custos levou ao fechamento de planos de saúde, e os beneficiários expressam insatisfação com a fragmentação do cuidado, evidenciando a falta de coordenação entre profissionais especializados.

Em termos quantitativos, o número atual de beneficiários de planos de saúde é aproximadamente 47 milhões, comparado a 44,9 milhões em 2010. Contudo, 328 operadoras deixaram o mercado nesse período, indicando um fechamento médio de 2,7 planos por mês. O modelo de saúde no segmento privado resulta em mais despesas e menor eficiência, deixando o paciente desassistido e sem coordenação de cuidados. Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) emerge como a organizadora ideal do sistema de saúde, promovendo melhores resultados para todos os intervenientes no setor.

A integração da APS no âmbito da saúde suplementar, com uma equipe multidisciplinar composta por médicos de família, enfermeiros, entre outros profissionais, coloca o paciente no centro do cuidado de maneira abrangente. Quatro elementos estruturantes, conforme definidos por Barbara Starfield, guiam essa organização: acessibilidade, integralidade, longitudinalidade e coordenação do cuidado. Esses elementos visam assegurar que os serviços de atenção primária atendam às necessidades da população de forma eficaz, promovendo não apenas o tratamento, mas também a prevenção de doenças.

A implementação da APS resulta em vantagens para toda a cadeia de saúde. Os beneficiários recebem apoio de uma equipe que compreende seu histórico de saúde, promovendo a saúde e incentivando o autocuidado. Com o cuidado coordenado, menos de 20% dos casos exigem encaminhamento a especialistas, otimizando recursos e reduzindo gastos desnecessários. As operadoras de saúde também experimentam melhorias na saúde financeira, uma vez que a equipe de APS resolve mais de 80% dos problemas de saúde apresentados. Esse modelo eficiente reduz a repetição de exames, contribuindo para a sustentabilidade da operadora.

As Clínicas de APS da BluVida são uma iniciativa que busca endereçar os desafios enfrentados pela saúde suplementar, destacando-se pelos resultados eficazes. A resolutividade de até 91% no último mês, indicando poucos encaminhamentos, é um indicativo positivo. O Net Promoter Score, que varia entre 83 e 98 pontos, reflete a satisfação e fidelidade dos usuários, atuando em uma zona de excelência. A BluVida está disponível para discutir como pode contribuir para a melhoria da operação junto as operadoras de saúde.

Saúde suplementar, originada na década de 1960 no Brasil para proporcionar assistência médica aos funcionários de empresas, é atualmente um setor privado independente do Sistema Único de Saúde (SUS). Regulamentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), conta com 981 operadoras, sendo 717 médico-hospitalares e 264 exclusivamente odontológicas. Cerca de 46,7 milhões de brasileiros utilizam a saúde suplementar para acessar serviços como consultas médicas, odontológicas, exames e procedimentos cirúrgicos. A ANS desempenha um papel fundamental na regulamentação, fiscalização e organização de dados do setor de saúde suplementar.